Neste artigo o SiGMA News falou com Jessica Azzopardi que compartilhou pontos exclusivos e conclusões de sua dissertação apresentada em cumprimento parcial de seu bacharelado em Direito

A indústria de jogos remotos apresentou grande expansão nos últimos anos, o que foi um fascínio para muitos entusiastas e profissionais da área. Tornou-se um dos setores inovadores mais falados, com conversas chegando ao nível de debates parlamentares. Este setor criou um efeito cascata à medida que seu impulso em Malta impactou outros negócios, como o setor de aluguel, o setor bancário, o setor de infraestrutura de tecnologia da informação, entre outros.

Malta não está sozinha no setor de jogos remotos, afirmação essa que nos apresenta o elemento da competição. As leis atuais criam uma vantagem competitiva para o setor de jogos remotos maltês em comparação com outras leis semelhantes em todo o mundo? As leis atuais são suficientes para acolher os diferentes tipos de reguladores de jogos remotos e fornecer um ambiente seguro para esses tipos de negócios?

  Os pontos principais da dissertação referem-se ao Aviso Legal 248 de 2018 intitulado ‘Maltese Gaming Tax Regulations’, que faz parte do mais recente conjunto de regulamentos em vigor. Além disso, aborda a tributação das sociedades e a tributação do valor acrescentado, custos adicionais que deverão ser suportados pelas empresas de jogos que se registem na jurisdição maltesa. A regulamentação do Jogo Remoto em Malta começou em 2004 pela Legislação Subsidiária 438.04 intitulada “Remote Gaming Regulations”. Essas leis serviram como uma base adequada e criaram a vantagem competitiva de Malta na tributação do jogo. A tributação do jogo dependeu do Regulamento do Jogo Remoto durante 14 anos, até 2018, ano em que entrou em vigor um novo regime jurídico para os jogos de apostas. Os Regulamentos de Jogo Remoto de 2004 propõem três impostos, cada um com seu próprio cálculo e cada um aplicável à diferente Classe ou Classes. Trata-se de Imposto de Taxa Fixa, Imposto sobre o Volume de Negócios (Imposto sobre Participações) e Imposto sobre o Rendimento Real. Além disso, esta legislação apresentava um limite de imposto que previa que, independentemente da Classe em que o licenciado estivesse, o imposto máximo resultante de qualquer um destes três tipos de impostos não poderia exceder € 466.000 anuais. A lei previa que qualquer excesso de imposto deveria ser isento. Este quadro legislativo foi atrativo e bem sucedido, uma vez que, no final de 2005, dois milhões de euros de receitas fiscais destes operadores estavam concentrados na economia maltesa.

O novo conjunto de leis promulgado em 2018 trouxe diferentes tipos de cálculos de tributação. A estrutura fiscal passou a ser baseada nas receitas, o que significa que a tributação é calculada sobre o valor das receitas que o operador de jogo remoto obtém durante o ano fiscal. A lei acrescenta que se um B2C oferecer seus serviços remotamente, o imposto acumulará apenas se o jogador tiver um endereço permanente ou se ele estiver estabelecido em Malta. Isso significa que os 5% pagos serão calculados apenas sobre a receita do jogo gerada pelos jogadores com base em Malta. Os operadores B2B estão agora isentos de ter de pagar qualquer imposto sobre o jogo.

Uma breve comparação foi feita entre o antigo e o novo regulamento, a fim de dar um panorama claro e informativo sobre o assunto. A dissertação distingue entre as licenças de jogo de ‘Classe’ e ‘Tipos’, sendo que a primeira foi revogada a fim de criar um sistema de duas licenças que conduza à simplificação da legislação. São também explicadas as definições de Receita Bruta do Jogo (GGR) e Receita do Jogo (GR), a última das quais foi a substituição da primeira pela nova regulamentação, e as suas fórmulas matemáticas. Os resultados destes dois cálculos distintos podem levar a variações no total, cuja diferença pode ser até certo ponto enorme, dependendo da receita da operadora. Os incentivos fiscais empregados por jurisdições em todo o mundo impactam de fato o estabelecimento de operadores internacionais de jogos remotos. Através da pesquisa da dissertação, verificou-se que Malta estava em competição direta com a Ilha de Man, Alderney e Gibraltar. Portanto, essas três outras jurisdições foram usadas em um exercício de comparação e contraste nas partes finais da dissertação. Os resultados provaram que o valor do imposto global que os operadores de jogos remotos têm de pagar em Malta pode ser ligeiramente superior ao dos outros três; no entanto, o que parece ser perfeito no papel nem sempre é perfeito na prática.

Por meio de entrevistas, ficou claro que geralmente os incentivos fiscais não seriam o ponto de decisão para operar em Malta ou não. Outros fatores, como o ambiente de negócios, adesão à UE, área da Zona da UE, facilidade de recursos humanos, padrão de vida e configuração da infraestrutura tecnológica, desempenham um papel mais vital na tomada de decisão.

Em conclusão, o estudo provou que havia uma vantagem competitiva criada pelo Remote Gaming Regulations de 2004 e que o Maltese Gaming Tax Regulations continuava a manter essa vantagem competitiva, levando Malta a ser o polo de jogo remoto que é hoje.

Palavras de Jessica Azzopardi. Jessica Azzopardi é Mestre em Advocacia (M.Adv.Melit.), Graduada com Bacharelado em Direito (LL.B.) pela Universidade de Malta. Ela trabalhou como estagiária desde o primeiro ano do curso de Direito em dois escritórios de advocacia distintos, o que lhe confere uma sólida formação no setor corporativo e de games. Atualmente, ela está lendo e atuando em um escritório de advocacia local para obter o mandado legal nos próximos meses. Ela também foi escolhida para estudar Direito das Sociedades e Direito Europeu da Concorrência no exterior, em Roma, pelo programa Erasmus oferecido pela Universidade de Malta.

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