O grupo australiano The Star Entertainment recebeu uma multa de US$10 milhões e foi obrigado a implementar reformas fiscais e operacionais devido a falhas de conformidade em seu cassino em Sydney. A Comissão Independente de Cassinos de New South Wales (NICC) impôs a multa ontem, em 17 de outubro, após a consideração do relatório da segunda investigação de Bell, que concluiu que a empresa continuava inadequada para manter a licença de cassino.  A multa foi aplicada devido a “graves violações” em quatro manuais de controle interno. Além da penalidade financeira, a NICC exigiu que a empresa seguisse recomendações do segundo relatório de Bell, incluindo requisitos adicionais de relatórios financeiros e operacionais até março para manter o regulador informado sobre a situação financeira da empresa e os esforços de remediação, bem como melhorar a diligência com os clientes.  

Além disso, a NICC planeja alterar a licença do cassino para implementar mudanças estruturais nas operações do comitê do conselho, na composição e independência dos membros do conselho, nas práticas de gestão e nas conexões entre o conselho e a administração. Também estão em discussão emendas ao Casino Control Act 1992 de New South Wales, em linha com as recomendações da investigação de Bell, para reforçar as avaliações de adequação das empresas e indivíduos e endurecer as penalidades para violações como a incapacidade da Star Entertainment de prevenir fraudes em transações de máquinas caça-níqueis que totalizaram mais de A$3,2 milhões.  

A multa foi considerada “pesada” pela mídia australiana, mas a empresa conseguiu evitar uma penalidade ainda mais grave, como a revogação da licença, sugerindo uma preocupação do governo com o impacto econômico e os empregos do setor. Caso a licença fosse revogada ou uma multa adicional de A$100 milhões fosse imposta, isso poderia comprometer as operações da empresa, que recentemente reportou um prejuízo líquido anual de A$1,7 bilhão.   Apesar da multa, a licença da empresa continuará suspensa, com as operações sob a supervisão de Nick Weeks, o gerente externo nomeado pela NICC, cujo mandato foi estendido até 31 de março do próximo ano. Philip Crawford, presidente da NICC, afirmou em uma coletiva de imprensa que a investigação conduzida por Adam Bell SC revelou falhas e problemas operacionais, mesmo após as tentativas de remediação após o primeiro relatório de Bell, publicado em 2022.    Crawford destacou que, apesar da supervisão mais rígida, que evitou os tipos de má conduta observados na primeira investigação, ainda existem várias falhas na governança, conformidade regulatória, tecnologia e gestão de riscos. Ele também alertou para a seriedade das consequências que essas falhas podem ter na comunidade, citando como controles fracos podem abrir caminho para a infiltração criminosa e danos relacionados ao jogo.  

Apesar das dificuldades, a Star Entertainment conseguiu garantir um financiamento de dívida de até A$200 milhões em setembro, o que oferece uma chance de recuperação. A NICC avaliará os avanços da empresa em março, determinando se a licença poderá ser restaurada. Crawford destacou que o interesse público é a principal motivação para as decisões da comissão, observando que a falência da Star Entertainment em Sydney poderia impactar negativamente todo o grupo, que emprega mais de 9.000 pessoas e mantém uma extensa rede de fornecedores. 

Crawford elogiou o novo CEO, Steve McCann, por estabelecer canais abertos de comunicação e cooperação com a NICC, resultando em uma relação mais saudável entre a empresa e o regulador. Ele afirmou que a Star Entertainment está aproveitando a oportunidade para redefinir suas prioridades de remediação, fortalecer sua posição financeira e reforçar sua equipe de liderança para retomar o foco nos negócios.